E bom & que a gente anime, E busque como remedio, Desterrar para bem longe Uma tal tristeza e tedio. Pois vejam que ate o tempo Tenta agora melhorar, Sao duas boras da tarde E ha ja bom sol e bom mar. 0 proprio vento virou Agora a nosso favor, Dando-nos a esperanga De em breve vermos Timor. Que por Deus a gente chegue Depressa e sem novidade, Ja que esta insulsa viagem A ninguem deixa saudade. Eu, pelo menos, confesso, Que tudo isto me e tao agro, E de ver-me aborrecido Ate me sinto mais magro. Primeiro, porque a viagem E o que se esta a ver, Segundo, porque a comida, Ja mal a posso comer. Nao passa da came dura, Mesmo peixe sem sabor, Porque quanto a bacalhau, E raro ver-se-lhe a cor. Valha-me o prato da sopa Mais a pinga a refeicao, E valha-me assim tambem A boa fruta que dao. Mas so isto, com franqueza, Sem outras variagoes, Tira-me todo o apetite E ate aos mais comiloes. Quanto a fartura, e verdade, Nao somos la mal tratados, Mas sempre o mesmo menu Ate nos traz enjoados. E eu que fui sempre um rapaz Que nunca enjoei no mar, So de olhar para a comida Chego quase a enjoar. Mas logo fechando OS olhos, Como gente de coragem, Papo a sopa e bebo o vinho E assim suporto a viagem. E mal de mim se nao fosse A sopa e uns bons "copinhos", Ha muito que tinha ido Para a panga dos peixinhos. Portanto, o que mais anseio, E ja depressa chegar Aquela linda Macau, Para me reconfortar. Quem fica agora em Timor E que ja se pode rir, Este por ver sua terra E aquele por a servir. Tambem quem vai p'ra Macau Como eu, nao deixa, nao, De se sentir radiante Por ver terra e pisar chao.
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