Porem, leitor amiguinho, Contar tudo e que eu nao fago, Porque isso em vez dum livrinho Daria algum calhamago. So te digo—e e verdade— Muito resumidamente, Que encontrei muita bondade Enquanto estive doente. DE BRACO AO PEITO Sempre com o brago ao peito, Sem poder dormir as vezes, A ma gangrena sujeito Andei eu meses e meses. Corri muitos hospitais, Militares e civis, A sofrer cada vez mais E por fim la fui feliz. E bem feliz, pelos modos, Porque esta era a opiniao Dos medicos quase todos : Fazer-me uma amputagao. Toda a cura do meu ma Era o liracinlio cortado; Como nunca fosse em tal, Tive sorte e estou curado. Bem profunda cicatriz Me ficou ca por sinal, Mas tambem so por um triz Me livrei de ir p'ra o coval. Verdade e que OS boateiros Ca por morto ate me deram, Mas OS vermes lambareiros Inda la me nao quiseram. Que lhe dava um esqueleto, Metido entre quatro ripas, Ja comparado a um espeto Daqueles de virar tripas ? ! Sem la ir cair de borco, Resists as minhas dores; Por fim, sem chegar a porco, Engordei e criei cores. Mas dou gragas aos bons vinhos, A farturinha de tudo, E as protecgoes e carinhos Do Governo, sobretudo. Foi quem muito me valeu Do princfpio ate ao fim; Se assim nao fosse, Deus meu, o que seria de mim ? Primeiramente ali estive Mais a minha boa gente, Num lugar onde se vive Feliz, alegre e contente. Na Costa da Caparica, FNAT —UM LUGAR AO SOL, Onde o mar pertinho fica E onde canta o rouxinol.
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