Foi uma estadia boa E quando veia o inverno, Numa pensao, em Lisboa, Nos hospedou 0 Governo. Muito caro se tornando Isto ao Estado Portugues, Arranjei casa, fieando Com mil escudos por mes. Fui morar p'ra Sacavem, Arredores de Lisboa, Onde me dei muito bem Entre aquela gente boa. Pois enquanto ali morei Criei muitas simpatias, Rebusteci-me, engordei, E passei bons e maus dias. EU E O BURRO Finalmente, ja curado, A "pensao'' foi-me tirada, Dando-me ainda 0 Estado "Tres contos" duma bolada. Quando 0 mandava parar Era um burrinho a galope, E quando o mandava andar Era sinal — ALTO ! . . . STOP. Comprei um burro e cangalhas Para vender hortaligas, Mas foram muitas as falhas. Nao ganhei para as nabigas. Mas o seu maior defeito Era ver-me distraido, Para logo satisfeito Se deitar todo ao comprido. Burrinho teimoso e feio Que me custou cinco nolas, Deixando-me um saco cheio De historias e de anedotas. Quando lhe dava a preguiga, Via por minha desgraga, Tomates, fruta, hortalica No chao tudo feito em massa Muitas delas ja contei, Outras tenho p'ra contar; Mas agora narrarei A que esta mesmo a calhar. Aconteceu que, uma vez, Ao passar numa avenida, Quis atender um fregues Pregando-me ele a partida, Punha tudo de cangalhas 0 burrinho preguigoso, Amigo de fava e palhas, No andar muito teimoso. Vendo o burro ja no chao E a fazenda a rebolar, Enchi-me de indignagao E dei-lhe ate me cansar.
RkJQdWJsaXNoZXIy MTQ1NDU2Ng==