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Uma lagrima teimosa D'agua encheu-me um olho raso, Mas, como gente ranhosa, Assoei-me e nao fiz caso. De volta a Macau me via, 0 que ja bastava, enfim, P'ra sentir mais alegria Que tristeza de.itro em mim. Mas ao chegar a Lisboa, Entre apitos e assobios, 0 navio la foi de proa E eu fiquei a rer navios! Senti-me tao infeliz, Quando na ultima hora Parte o barco e nos, civis, Ficamos postos de fora. Como "transporte de guprra", La se foi muito em segredo, E a nos deixou-nos em terra, Tristes, a ehuchar no dedo. Perguntei entao a Deus, Qual seria a minha sorte, Quando me vi mais OS meus Sem casa, vida e sem norte. Mas Deus que e todo bondade, Quis depressa que eu tivesse A grande felicidade De encontrar quem nos valesse. Alma generosa e boa, Que sempre tao bem nos fez, Desde que ali em Lisboa, Nos viu p'la primeira vez. Uma senhora de bem E funcionaria do Estado, Que foi mais do que uma mae P'ra quem lhe esta obrigado. 0 seu nome nao relato Que era ofende-la, talvez; Basta que eu lhe esteja grato Pelo bem que por nos fez. Sem ela seria mau, Porque a ela lhe devemos, Nossa vinda p'ra Macau E as protecgoes que tivemos. A gente nao embarcou: Mas ela, bondosa e doce, Logo depressa arranjou Para onde a gente fosse Nossas malas de porao, Foram postas a guardar Na velha arrecadagao Do Quartel do Ultramar. E nos entao, por resgate Da desilusao sofrida, Para a praia da FNAT, Fomos de novo, em seguida. Praia linda e bem formosa Da Costa da Caparica, Onde as suas ferias goza Gente pobre e gente rica. Mar belo de aguas de prata A desdobrar-se na areia, A par duma fresca mata De beleza toda cheia.

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