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A "Classe Suplementar", Sem ter boas condigoes, Aloja seus passageiros La no fundo dos poroes. Ou casados, ou solteiros, Nao ha outra coisa boa. Homens no porao da re E elas no porao da proa. Razao esta porque muitos, Se most-ram aborrecidos: As esposas sempre enfermas, Cabisbaixos OS maridos. So eu e que nao me ralo. Ca vou indo, sempre em frente, Aguentando o paquete De cara alegre e contente. £ que remedio nao ha Senao sofrer e aguentar Tudo isto e mais ainda 0 que esta para passar. 0 temporal ja passou. Ja se passaram tres dias. Tudo anda agora, alegre, Na melhor das harmonias. Toda a gente se diverte. Todos brincam. dando as maos. Nao ha rieos, nao ha pobres, Todos sao como irmaos. Chega o Domingo de Pascoa, Dia bastante animado, Com muitas festas a bordo E o comer foi melhorado. Para olvidar OS ausentes, Houve vinho com fartura, Onde alguns afogaram As saudades e a amargura. Para lhes dar o exemplo, Comecei no "mata-bicho", E quando cheguei a noite, J a ats cantava o cochicho. Carregado da cabega, Puxei de cadeira dura, Acordando de manha, Com uma grande to.itura. Para ficar bem disposto Bebi um "grogue" no bar; E, agora, eis-me entretido Olhando as aguas do mar Um bonito mar de rosas, Que, sem ter rosas nem flores, Apenas me vai mostrando Muitos peixes voadores. As vezes, por novidade, La passa uma embarcagao, E tambem la muito ao longe Fica a vista um tubarao. Sobre essas tao claras aguas Surgem estranhos peixinhos; E, a saltarem junto a proa, Um cardume de golfinhos. E grande o contentamento De todas as criancinhas, Que dao gritos de alegria Ao verem muitas toninhas.

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