Nisto, vem descendo a lioite, Triste, escura como breu; Relampeja e nem sequer Uma estrela ha la no ceu. Como o calor e demais, Cada qual, por sua vez, Procura o ponto mais fresco Para dormir no conves. Um calor tao sufocante Que o porao ja nao seduz; Todos fogem la de baixo, Como o diabo da cruz. Ha um que nao sai de la. Feito Adao, sempre ali fica, Dormindo alagado em agua Como se fosse uma bica. F ele um repatriado, Que segue para Timor; Rapaz alegre e solteiro, A quem nao rala o calor. Diz-nos ele, e com razao, Que quer dormir descansado, Porque nao gosta de ser, De manha, incomodado. Os que abalam do porao De mantinha e cabegalho, Dormem no conves a fresca, Com OS ossos no soalho. Mas, logo de manha cedo, Com desagrado bastante, La vao corridos dali Por um velho tripulante. E nada de resmungar ! F calar e obedecer, Senao vem agua salgada: E e um banho sem querer. Desde a proa ate a re Comeya uma baldeacao; Baldes, vassouras, mangueiras, Entram ali em fungao. Foge tudo aborrecido Do conves para 0 porao, Levando quase de rastos, As suas mantas na mao. Uns vao tomar o seu banho, Outros, como ainda e cedo, Ficam-se ali a dormir E a regalar o pulguedo. So quando toca a sineta F que se poem de pe; E ate mesmo ramelosos La vao tomar o cafe. Para que ninguem repare Em tamanho desmazelo, Depress! esfregam OS olhos E dao um jeito ao cabelo. Mas, mesmo assim, fazem rir, Porque vao para o cafe De pijama amarrotado E chinelinhas no pe. Ha quem olhe para eles, Fazendo as suas caretas. Mas eles pouco se ralam, Porque nao sao de etiquetas.
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