Sao nove horas da noite, Tenho OS meus bragos cansados Mas o dinheirinho ganho E OS fregueses engraxados. Sabado, de manha cedo, Ja todos estao de pe ; Alguns mesmo nem dormiram A sorihar com Sao Tome. Olham para o horizonte, Nada podem avistar; Certamente que inda falta Muito para la chegar. As duas horas da tarde, Ate que enfim se ve terra; Ponto escuro sobre o mar, Como negra e feia serra. Foi-se o barco aproximando. Chegados a certa altura, 0 ponto escuro tornou-se Num oasis de verdura. Ao largo veio fundear 0 "Mozambique" afinal, Neste lugar, que nos mostra As Quinas de Portugal. Provincia de Sao Tome, No cume toda nublada E pelas suas encostas, De verdura atapetada. Ja duas vezes ca passo Sem nunca desembarcar Nesta terra portuguesa, Tao beijada pelo mar. Ca para mim ja me basta Ver de longe Sao Tome, Esta terra florescente, Que daqui tao linda e ! Pois, que bem poucos la foram Nao so por nao terem tempo, Mas tambem por ter havido Um pequeno contratempo. 0 Comissario de bordo Lembrou-se so nesta hora, De nos dar uns boletins P'ra preencher sem demora. Tanto trabalho isto deu E tanto tempo levou, Que poucos foram a terra E quem foi pouco gozou. Tempo so para chegar E voltar numa corrida, Quando ja o "Mozambique" Dava o sinal de partida. Nos, a bordo, mais gozamos De que esses pobres bacocos, Que so trouxeram de la Jaca, goiabas e cocos. No barco havia a vender Frutas muito saborosas, Objectos de tartaruga E outras coisas preciosas. Tudo, por barato prego, Vendido aos passageiros Pelos negros, que chegavam Nos seus "dongos" bem ligeiros.
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