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Do primo e dos que ficaram Nesta bonita cidade, De todos me despedi Com muita pena e saudade. E pouco tempo faltando Para o barco se ir embora, Dum triste caso soubemos Acontecido la fora. Um passageiro, que vinha De Lisboa p'ra Lobito, Embebedou-se e depois Tentou matar um pretito. Estava a pobre crianfa Com uma vara a pescar, E ele, abeirando-se dela, Atiruu com ela ao mar. Vendo o pobre preto attito, Achou gra£a, pos-se a rir. Por sorte surge um policia E o malvado quis fugir. Nao teve tempo p'ra isso. Foi preso esse malfeitor, Enquanto a pobre crianga Encontrava um Salvador. A todos causou horror A sua acjao tao nefanda, Pela qual sera julgado Nos tribunals de Luanda. Nao sei se sera verdade, Mas ja me veio aos ouvidos Que dez anos de cadeia, Tem-nos ele garantidos. Nao tenho pena lienhuma, Nem desculpo a bebedeira: Quem nao sabe beber vinho, Beba agua da torneira. Antes, connosco em viagem, Por ter modos tao grosseiros, Era ja muito mal visto Pelos demais passageiros. Forte como brutamontes, Desdenhoso, pouco dado, Abusador, provocante, E bastante malcriado. Eis aqui as qualidades Deste nobre personagem, Que acaba de nos mostrar Instintos so dum selvagem. Menos de causar espanto, Por ser um filho do mato, Vejo um negro lieste instante Fazer grand ' espalhafato. Sao agora seis da tarde Do dia quatro de Abril; Quase a bora da partida, Revolta-se um negro hostil. Da-se esta cena a saida Do portalo do liavio. 0 negro, que e estivador, Tem um aspecto sombrio. Outro negro, seu mandao, Com razao, ao que parece, Empurra-o, manda-0 embora, Mas este nao lhe obedece.

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