Mas nao e para estranhar ; Um porao para senhoras Tem que ser muito mais lindo, Ja que sao conspiradoras. Os homens, esses coitados, Tinham que se contentar Com 0 seu porao na popa, Mais fundo e com falta de ar. Limpeza havia, mas luxo, So p'ras mulheres, que sao Muito esquisitas em tudo, Nunca estao bem onde estao. Quando souberam que havia Alguns camarotes vagos, Bem depressa OS apanharam Com tretas, risos e afagos. Sendo a l'onha das mulheres Muito maior do que a minha, Tambem nao quis dessa vez Que me comessem a pinha. Fiz logo uns versos a lua, Pedindo em quadras singelas Para ficar mais os meus No porao antes so delas. E aqui me vejo eu agora Mais OS meus, muito contente, Neste porao tao bonito E mais proprio para gente. Como fica junto a proa, Tem mais estas melhorias: Bastantes ventiladores, Muito ar, muitas vigias. So quando ha muitos balancos Sentem-se mais ca na proa, Mas nao nos fazem dif'renca, Porque a gente nunca enjoa. Tanto assim, que ainda agora, Gaba-se a minha Teresa, Como a unica mulher Que se via sempre a mesa. Enquanto as outras, doentes, Iam p'ra ali encolhidas, Tratava a minha dos filhos E fazia as suas lidas. Mas tambem digo uma coisa : Mal retinia a sineta, Como mulher sempre pronta, Nunca faltava a lambeta. Meus filhos, a mesma coisa; Tudo ali se reunia, Nunca OS bons criados viram A minha mesa vazia. E se o barco balangava, Ate se punham a rir, Quando pela mesa fora Viam o prato a fugir. Por aqui ja se ve bem Que esta minha gente e tesa, E que nao passa cartao Ao enjoo, nem a moleza. Eu tambem nunca enjoei, Dei-me sempre bem no mar, Porque ja fui pescador Sem nunca saber nadar.
RkJQdWJsaXNoZXIy MTQ1NDU2Ng==