o nevoeiro e o menos: 0 que mais nos inoomoda, Sao estes fortes balangos De andar a rabeca a roda. Como sempre, OS mais fraquinhos Ja comefam a vomitar, Parecem canos de esgoto A vazarem earga ao mar. Com OS filhos pela mao, Sempre a tremerem, coitadas, Via-as ali seminuas E todas despenteadas. Receosas como estavam De irem p'ro fundo do mar, Foi um caso muito sorio Para as poder acalmar. E alguns outros, ja com medo, De que o mesmo Hies sureda, Poem-se a chupar limoes. Ou qualquer coisinha azeda. Tanto que, durante a noite, Em constante sobressalto, Confundiam seus gemidos Com o rugir do mar alto. Cada vez ha mais balanoos E o nevoeiro e maior, Mas ninguem pensa em naufragios, Porque entao, muito pior. Sempre que o barco apitava, La vinham do seu retiro Um ai muito prolongado, Ou um profundo suspiro. Isso so aconteceu Para ca de Porto Santo, Com duas pobres senhoras Cheias de medo e de espanto. Quando o mau tempo passou, Fnvergonhadas, entao, Da sua tao ma figura, Buscavam a solidao. Nessa altura, como agora, 0 mar estava agitado, Surgindo durante a noite Um nevoeiro cerrado. Passaram toda a viagem Cabisbaixas e tambem Metidas la para um canto, Sem falarem com ninguem. Come^a o barco a apitar E, ao ouvirem OS apitos, Como estivessem deitadas Saltaram da cama aos gritos. Pois so as vi satisfeitas Ao chegarem a Luanda, Aonde desembarcararn Com as malinhas a banda. Acordaram toda a gente, Parecia o fim do mundo; Elas a gritar, dizendo; —Ai que o barco vai p'ro fundo. Inda bem que nao passaram Por este Mar das Tormentas, Por onde, entre o nevoeiro, Vem as ondas violentas.
RkJQdWJsaXNoZXIy MTQ1NDU2Ng==