Ajunte-se ainda a isto, 0 marulhar espumante Das vagas, que se espreguigam Sobre a margem verdejante. Surge agora uma casinha; Mais perto, um negro correndo, E logo aqui, rente a margem, Uma cabrinha pascendo. La mais um pouco adiante, Algumas pobres cabanas; Belas manadas de gado A mugir entre as lianas. Tudo isto 6 tao bonito, Porque mais ninguem, so Deus Da a este ermo africano Todas as gragas dos ceus. E aqueles que por ca vivem, Como as aves na floresta, Nao desejam com certeza Outra vida em troca desta. Aqui vivem muito em paz, Neste cantinho da terra, Que corre pelo mar fora Mostrando 0 muito que encerra. Pois ate Lourengo Marques, Nos agora iremos vendo Casas, montes e paisagens, Surgindo e desapar'cendo. Viagem muito agradavel, Que nos deleita e extasia, E que faz correr mais rapidas As longas horas do dia. 0 mar agora mais calmo, Bem desmente a sua origem, Embalando docemente Aquela gaivota virgem. Outras coinpanheiras dela Acompanham a viagem; Mas, com o descer da noite, Todas recolhem a margem. Depressa o dia se afasta E a lua resplandecente Alumia o panorama, Que se estende a nossa frente. Mas que noite tao formosa ! Como me sinto encantado, Vendo o mar tao bonangoso Pelo luar espelhado. E, alem, na meia penumbra, Sobre as aguas muito erguida, Como um vulto gigantesco, Toda a terra adormecida. Densos bosques, altos montes, E alguns arbustos ali, Que ensombram um pouco as aguas, Que circulam junto a si. Mas as sombras tremulantes Mais a lua em seu fulgor, Dao a toda a natureza Um contraste encantador. Sim, porque a luz do luar, Reluzindo aqui e alem, Mostra-nos a noite bela E OS encantos que ela tem.
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