Aqui, sentado a uma mesa, Vejo o que vai pela rua, E vou matando o meu tempo Fazendo versos a lua. Nesta bela Pensao Douro, Que e o nome que ela tem, Sinto-me eu e todos mais Instalados muito bem. Quatro refeigoes por dia Temos nos como bom trato ; Se um comer nao nos agrada, Escolhemos outro prato. Torradas, cafe com leite, F a primeira refeigao; Almogo e jantar, tres pratos, E, a tardinha, cha com pao. Estamos como queremos, Nao nos falta coisa alguma, Portanto, vamos gozando Ate que venha o "Rovuma". "Rovuma'' e o nome do barco Que nos ha-de transportar Para Macau e Timor, Como ja ouvi contar. Mas isso ainda demora, Porque o barco, ouvi dizer, Tem uma grande viagem Primeiramente a fazer. Muitas tropas africanas, Nele aqui hao-de embarcar Com destino a nossa India, P' ra depois nos vir buscar. Pois que e um barco fretado Pelo Estado portugues, Tendo ainda esta viagem, Que o demora mais dum mes. E, portanto, meus amigos, Temos muito que esperar, Antes que o barco aqui chegue, Que abale e torne a voltar. Mas a gente nao se rala, Tratam-nos bem na pensao, Dao-nos boa cama e mesa, Gragas a "Administragao". E entao hoje, por ter sido Dia da nossa chegada, Aqui passei toda a tarde Sem sair e sem ver nada. Agora, tudo escurece, Porque 0 dia ja esta findo, E a cidade iluminada Mostra o seu aspecto lindo. Ao ve-la assim, nao resisto, Embora um pouco magado, Como jantei inda ha pouco, Vou passear um bocado. Sao nove horas da noite, Venho de dar um passeio; Quis-me demorar mais tempo, Mas tive disso receio. F porque ca nestas terras, Como o clima tem ma fama, Toda a gente janta cedo E cedo recolhe a cama.
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