Nao se ve ninguem nas ruas, Porque nao ha quem se afoite A andar depois desta hora Sob a cacimba da noite. Raramente passa um veiculo, Nao se ve nem viva alma, E mesmo para dar sono Este sossego, esta calma. Recolhido no meu quarto, Olhando neste momento Por entre as tu'-vas vidragas, Vejo cair o relento. Meus olhos ja dao sinal De qu rerem adormecer ; Vou fazer como aqui fazem, Deitar cedo e cedo erguer. Condensada fumarada, Que, com a sua humidade, Ofusca o briiho das luzes Que alumiam a cidade. Ja que aqui nos demoramos E OS usos andam na berra, Vamo-nos acostumando Aos costumes desta terra. Sao pequenos fios brancos A cairem la de cima, Mal causando aos mais afeitos As intemperies do clima. Deitar cedo como OS mais, Cedo pormo-nos a pe, Prontos para o mata-bicho, Onde so entra 0 cafe. Mas todos se dao ca bem: Porque ate OS mais multivagos De noite metem-pe em casa E nunca assim ha noctfvagos. Sim, porque em Lourengo Marques, Ou por uso, ou por capricho, 0 cafe, primeiro almogo, E chamado o mata-bicho. Portanto, Lourengo Marques, De dia e muito formosa ; De noite, triste e monotona, Deserta e silenciosa. Como e a primeira vez Que o vou experimentar, Verei se e bom mata-bicho E se o bicho e de matar. Das janelas do meu quarto Olhando la para fora, So mortas luzes e nevoa fi tudo o que vejo agora. Mas o bicho, com certeza, 15 que ha-de rir de contente, Porque o cafe da-lhe vida, Se nao levar aguardente. Veremos isso depois; Por hoje basta de lerias; Boas noites, meu leitor, Que a musa ja pede ferias.
RkJQdWJsaXNoZXIy MTQ1NDU2Ng==