Nove anos em Macau Estive como soldado; Passei o bom e o mau, Mas nao importa o passado. £ que se eu fosse a contar Coisas tao tristes de ouvir, Punha ja tudo a chorar. E mais lindo e ver-vos rir. Nada vos digo da guerra, So porque odeio esse nome Que espalha por toda a terra 0 luto, a peste e a fome. Mas se, um dia, eu tiver vida E tambem engenho e arte, Hei-de uma historia comprida Esorever sobre o deus Marte. Hoje nao, porque me falta A veia sentimental, E para alegrar a malta Vou-me tomar jovial. Logo ao terminar a guerra, No barco "Colonial" Deixei esta linda terra Com destino a Portugal. Magro como um carapau, So ossos e que eu levava, Deixando ca em Macau A carne que me faltava. E a i n d a m u i t o a m i m p r e s o , Um b r aQO a o p e i t o a doer; E t a m b e m , p o r c o n t r a p e s o , O s filhos m a i s a m u l h e r . E por ter muita piada, Por muita piada ter, Eu vou da minha abalada Um resumo aqui fazer. Quem espera desespera. E a sonhar com Portugal, Desesperei-me a espera Do barco "Colonial". NOVE ANOS EM MACAU
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