Mas leitor, faz como eu, Mostra-te forte e arisco, Para que assim, nao te prenda o lindo encanto mourisco. Vem comigo por ali, Onde entre as mais lindas flores Ve-se a cara duma negra, Mais negra que as negras cores. Vende dalias, cravos, lirios, Rosas brancas e amarelas, Bons raminhos de gladiolas E doutras flores mais belas. Que contraste ela nao faz Entre estas rosas, coitada, Esta preta, muito preta, Ja velhinha e desdentada ! Dizem que bebe aguardente, Que gosta muito da pinga, Mas entre tantos aromas, Nem sequer cbeira a catinga. 0 cheiro das suas rosas, Perfumando toda a praga, Disfarga todo o olor Da catinga e da cachaga. E nao e para estranhar Eu falar desta maneira, Porque a catinga e a cachaga Qualquer negro ou negra cheira. Tanto assim, que ate seria Mais bonito, em Mogambique, o batuque, se o dangassem A volta dum alambique. Ou, para melhor ainda, A volta dum bom lagar, Onde a agua de Lisboa Nunca chegasse a secar. Isso e que era uma alegria Ca para OS pretos—caramba ! Entao e que eles dangavam o batuque mais 0 samba. Tenho ate mesmo a certeza Que estes amantes da pinga, Assim bem avinhadinhos Davam cabo da catinga. Ate mesmo a negra velha Que ali vende as suas flores, Ficava um amor-perfeito De tentar outros amores. Assim nunca passa a pobre Duma rosa sem frescura, Queimada pelo bagago, Negra como a noite escura. Por isso, e sem mais demora , Deixamos nos, meus leitores, Quem e negra e ve-se negra Para vender suas flores. Mais um passo e olhai agora Para um feio pretalhao, A volta dos galinheiros Com uma faca na mao. Mete medo o raio do preto Com seus olhos a luzir, Matando as pobres galinhas Que nao lhe podem fugir.
RkJQdWJsaXNoZXIy MTQ1NDU2Ng==