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Via-se ali franco e claro o regozijo dum povo, Amigo de Portugal E do seu Estado Novo. Este filme que nos vimos Com muita saudade e magoa, Um fim teve tao chocante Que olhos vi bem rasos de agua. Ali ja nao era, nao, Um Carmona sorridente, Mas um Carmona prostrado Em triste camara-ardente. Todo o publico de pe Ante o Hino Nacional, Mostrou bem o pranto e a dor Que hoje enluta Portugal. Com as lagrimas nos olhos E a dor no meu coragao, Dali voltei mais OS meus De novo para a pensao. De importante, nada mais Ha para contar por ora, A nao ser, pois, que vos conte Como nos tratam agora. Na pensao, nos ao principio firamos, sim, bem tratados; Mas agora vejo eu Os casos muito mudados. La 1\ mingua nao nos matam, Mas nao ha variedade, E, portanto, este fastio Faz-nos perder a vontade. Comegando pela fruta: Para cada refeigao, Duas bananas por dia Sem qualquer alteragao. F mesmo ate para rir A conta ja feita aqui, "Oitenta e quatro bananas" Que ate hoje ja comi. Came de porco, isso e raro, Pato sim, nunca coelho, Carne de vaca nao falta Bem mais dura que um chavelho. Galinha, so aos domingos, Sempre feita de caril, E peixe, e todos OS dias Com bagos de arroz aos mil. Mas ainda nao e tudo, o que mais nos arrelia, E darem-nos a comer Carnes ja com mais dum dia. Para OS comensais antigos, Muitos mimos e cuidados, Mas, de resto, que se amolem Os pobres repatriados. Como vamos de passagem E, estando o Estado a pagar, A nossa custa bons lucros Parecem querer tirar. No entanto, o que nos vale, F ter ja conhecimento A Administragao Civil Dum tal modo e tratamento.

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