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Se te parece ! . . . amiguinho, Tantos anos em Macau, Longe do nosso bom vinho E do belo bacalhau ! Mesmo a sofrer, a penar, Sem querer saber de lerias, Nao deixei foi de tirar A barriga de miserias. Farto, alegre e temulento. La me escapei, amiguinhos, De ir servir como alimento A barriga dos peixinhos. 0 vinho deu-me coragem P'ra resistir ao meu mal, Nesta tao longa viagem De Macau a Portugal. CHEGADA A LISBOA Em vistas do meu bracinho, Eu pouco ou nada engordei; Mas foi ja mais coradinho Que eu a Lisboa cheguei. Isto so por lhe causar Muita pena o meu estado, E tambem por eu levar Uma chinesa ao meu lado. E ao ver-me la, em Lisboa, Que bem parece um jardim, Nao faltava gente boa A olhar so para mim. Dava mesmo a impressao Que era um Undo par de jatras, Que das Terras do Dragao Vmha ao Pais das Guitarras. A BONDADE Andei la por muita terra, So ouvindo : — Coitadinhos ! . . . Um mutilado da guerra ! . . . Uma china e dois chininhos ! . . . A mulher e aos filhos meus Todos chamavam chineses; 0 que eu passei sabe Deus, Bern chorava e ria as vezes. DA NOSSA GENTE Chorava de comovido, Quando, por sorte, encontrava Alguem que, compadecido, Me via e me auxiliava. E uma alma agradecida Pela esmola que lhe dao, Chora sempre comovida De alegria e gratidao.

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