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ANUARIO DE MACAU 13 Mas foi, principalmente, de 1941 a 1945, quando a tormenta da guerra assolou todo o Extremo Oriente, que a cidade de Macau estendeu a povos de todas as racas e de todos os credos, de todas as nacionalidades e ideologias, o seu manto de terra caritativa e hospitaleira. Nesse enlutado periodo, em que a morte espreitava a toda a hora, a traicao rondava as almas e os corpos e a fome era sombra negra em muitos e muitos lares, Macau, unico ponto do Extremo Oriente nao atingido pelas labaredas duma guerra feroz, viu, quase de momento, triplicada a sua populacao. Diariamente chegavam a Macau centenas de foragidos, e para todos houve sempre uma palavra amiga e uma tigela de arroz. Vicejaram odoriferas as petalas mimosas da Caridade Crista, apanagio dos Portugueses ao longo da sua Historia de oito seculos. Vieram irmaos nossos e amigos, estranhos e conhecidos, novos, velhos e criancas, e com todos Macau compartilhou a escassez da sua mesa. Mas nunca, talvez, os seculares lacos de amizade entre Portugueses e Chineses, tiveram expressao mais eloquente e significado mais humano do que nesses dias prenhes de dificuldades. Grato e poder-se dizer que, hoje mais do que nunca, essa amizade subsiste para progresso material e espiritual desta linda terra portuguesa. Portugueses e Chineses, num harmonioso entendimento, levantaram nesta encruzilhada do Mundo um imorredoiro padxao de civilizacao luso-oriental.

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