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Relação Oficial da Embaixada do Rei D. João V de Portugal ao Imperador Yongzheng em 1725-1728 162 e guerra em atenção ao dia seguinte de São João Baptista, em que também o embaixador festejou o nome de Sua Majestade vestindo-se de gala, com os que o acompanhavam, demais dos oficiais da fragata, que também corresponderam. No dia 25 de junho junto da noite demos fundo defronte das duas fortalezas do Rio de Janeiro, Santa Cruz e São João, e no dia seguinte pelas três horas da tarde nos fizemos à vela, e demos fundo no porto do mesmo Rio havendo primeiro salvado as mesmas fortalezas, as quais também salvaram. Logo que demos fundo chegou o reitor do Colégio da Companhia a visitar o embaixador na fragata, e chegou também ao mesmo fim Luiz Vahia Monteiro a cujo cargo estava justamente entregue o governo; e às suas instâncias foi o mesmo embaixador com ele para sua casa, aonde o hospedou três dias com muita grandeza, assistindo-lhe nos banquetes todos os principais cabos militares, e também o secretário da embaixada, que igualmente deveu ao mesmo governador a atenção de o convidar; e ao desembarque do embaixador para o escaler do governador, em que saímos, o salvou a nossa fragata, salvando-o ao mesmo tempo também a fortaleza de São Sebastião; e quando desembarcou na praia se achavam nela formados os dois regimentos militares, cujos oficiais lhe fizeram todos os cortejos devidos ao seu carácter. Passados os três dias de hóspede se passou o embaixador para umas casas, que se achavam prontas, e muito bem ornadas por contemplação do governador, que também o acompanhou com mais alguns oficiais de guerra; e por ordem do mesmo governador, e para a sua guarda, foi logo uma companhia de soldados, que não aceitou, dizendo, que a não necessitava naquela cidade, de que sua senhoria tinha o governo; mas ainda assim o embaixador mandou repartir dinheiro pelos soldados, e oficiais, excepto os capitães e alferes. Deste tempo por diante foram visitando ao embaixador os ministros de justiça, Senado, e a mais nobreza da cidade, não faltando ao mesmo obséquio os prelados das religiões, a quem, e aos mais, que o visitaram foi o embaixador também visitar a seus tempos; e isto mesmo fez por vezes o ilustríssimo bispo daquela cidade, que depois de nós chegou em 2 de agosto, e o visitou também; e nesta forma se foi o tempo passando até o dia 13 de novembro em que tornámos a embarcar para continuarmos a viagem. Quando o embaixador no dia 13 de novembro saiu de sua casa para se embarcar, se achavam defronte dela formados os mesmos dois regimentos, com que foi recebido quando entrámos no Rio de Janeiro, e os oficiais obsequiaram nesta ocasião com os mesmos cortejos, que lhe haviam feito quando desembarcou. Quem o acompanhou até à fragata, foi o doutor juiz de fora Manuel de Passos Soutinho com os do Senado, e o desembargador Rafael Pires Pardinho, que nesse tempo se achava naquela cidade; e no dia seguinte o foi visitar, e despedir-se dele à mesma fragata o governador com o filho mais velho do Visconde de Asseca, não faltando também alguns padres da Companhia e de Santo António, que também o acompanharam até se embarcar. No dia 15 de novembro nos fizemos à vela, e saímos da barra para fora, tendo salvado as

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