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Relação Oficial da Embaixada do Rei D. João V de Portugal ao Imperador Yongzheng em 1725-1728 176 notícia dos costumes sínicos, que isto mesmo diria ele ao vice-rei, a quem ficou de buscar no dia seguinte. Isto mesmo, e nesta parte aprovou também o ilustríssimo bispo de Nan kim, a quem o mesmo secretário também comunicou a resposta que tinha dado, e o mais que ia tratar em Cantão, estando o dito padre José Pereira presente, e então se assentou também, que se não devia entregar ao vice-rei uma carta que o embaixador lhe escreveu, visto se estar o mesmo vice-rei oferecendo para falar ao secretário, e não dizer a carta se não que ia tratar do seu passaporte, e que levava inteira notícia e poder de manifestar-lhe tudo o que julgasse conveniente para o intento, e haver-lhe o mesmo secretário já dito isto mesmo nas suas respostas. Mais se assentou, que deviam verter-se na língua sínica todas as perguntas que o secretário pretendia fazer para concluir o negócio a que ia, e para se verterem as deu o mesmo logo por escrito ao dito padre, por cuja conta ficou correndo a versão. Com a versão das perguntas do secretário antes de buscar ao vice-rei buscou o padre ao Chifú com quem tinha amizade, e esperava dele que encaminhasse bem o negócio, e o mesmo Chifú se ficou com as mesmas perguntas para conferi-las com o vice-rei, antes que o secretário lhe falasse. Aqui ficou o secretário na esperança de concluir o negócio com o vice-rei, pois que o Chifú ou governador da Cidade o patrocinava, e dava esperanças ao padre de que tudo se havia de compor bem, mas o vice-rei o demitiu de si, e o cometeu ao mesmo Chifú a quem o secretário buscou no dia e hora determinada no seu Kum Kuen, e casa, aonde o recebeu com toda a cortesia, dando-lhe em tudo o primeiro lugar (que são os chinas não só afáveis e benignos para com os estrangeiros, mas também sumamente políticos). Logo que o secretário se assentou se saudou com o Chifú, perguntando-se mutuamente um pela saúde do outro, e depois se seguiu a sua cerimónia do chá, que nas visitas têm por indispensável. Logo entrou o mesmo secretário a dizer-lhe que ia tratar do passaporte do embaixador de Portugal, na consideração que podia dar-se-lhe naquela metrópole sem recurso à Corte de Pequim, como até ali se segurava, que para a boa e acertada expedição do passaporte, ia saber dos mandarins de Cantão as coisas seguintes: primeira, se os mandarins de Cantão haviam de mandar barcas a Macao para a condução do embaixador? E que mandarim havia de ir para o conduzir? Segunda: se o embaixador chegando a Cantão podia ficar na barca até partir para a Corte; e havendo de sair a terra, se lhe haviam dar aposentadoria, ou havia ele tomar casas por sua conta? Terceira: em que forma devia o embaixador visitar em Cantão, e ser visitado pelos ministros do Imperador, e quais ministros devia vistar? Quarta: dentro de quantos dias o haviam de despachar para sair de Cantão? Quinta: se o haviam de conduzir à Corte, e quem havia neste caso conduzi-lo? Sexta, e última: que pessoas poderia levar em sua companhia tanto de comitiva como de soldados. A estas perguntas respondeu o Chifú por sua ordem, e por escrito que o secretário lhe pediu, e depois remeteu a Macao na forma seguinte: enquanto à primeira, que iriam conduzir

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