Relação Oficial da Embaixada do Rei D. João V de Portugal ao Imperador Yongzheng em 1725-1728 186 Cantão, fazia aos chinas de Macao as mesmas declarações e admoestações que já lhe tinha feito a quarta cadeira da mesma vila, e em Cantão fez o vice-rei declarar isto mesmo aos intérpretes dos estrangeiros europeus, que ali se achavam, para que o dissessem aos mesmos estrangeiros. A 27 chegaram a Macao os sobreditos dois mandarins com chapa, que tinham ido buscar do vice-rei; nela dizia o Chifú por ordem do Puchim-çu e vice-rei, que o negócio do embaixador se encaminhava a dar ao Imperador os parabéns da sua exaltação ao trono e a perguntar-lhe pela saúde; que a presente embaixada era muito diferente das de Sião, Camboja, e outros reinos tributários, e prometia que seria tratado com muita honra o mesmo embaixador; com esta chapa se faziam os dois mandarins certos, de que tinham concluído o negócio, mas ainda assim o embaixador se não acabou de resolver por se lhe não segurar na dita chapa, que não seria tratado como portador de tributo, em todo o Império, na forma que o secretário ultimamente pactuou com os mesmos mandarins. Com esta resolução do embaixador a tomaram também os mandarins de voltar a Cantão e levar as cartas do mesmo embaixador para o Imperador e vice-rei, entendendo que do mesmo vice-rei conseguiriam a resposta na forma que se lhe procurava para o embaixador se resolver, porque estava o mesmo vice-rei empenhado na brevidade da sua partida, de que já tinham avisado a Corte; e com efeito no dia 8 de novembro tornaram os mesmos mandarins a Macao, com outro mandarim maior, que o vice-rei mandou, e juntamente com a resposta à carta do embaixador para o vice-rei. Vinha a dita resposta feita não pelo vice-rei, que então se achava recolhido no lugar dos exames dos licenciados, mas sim pelo Puchim-çu e Ngam chaçu (isto é, pelo tesoureiro da fazenda e ministro do crime). O principal que ao embaixador se dizia, era que todos tinham recebido grande contentamento com a sua chegada a Macao, que o vice-rei lhe ordenara que o avisassem de que à China tinham ido muitos embaixadores, e que a todos tinham tratado com muita cortesia, mas que nunca tinham recebido as moléstias, que então experimentavam com suas escusas; que a dúvida estava nos títulos de portador de tributo ou de ir a dar parabéns; que se tinha havido algum erro, tinha sido causado da diversidade das línguas sínica e europeia, e que isso já se havia emendado; que para o acompanhar havia de ter mandarim e passaporte, em que se havia declarar, que ia a dar parabéns ao seu Imperador; que sobre meterem memorial ao mesmo Imperador, tinham estatuto que deviam guardar; que se ele tinha outra escusa para se não resolver a dissesse, porque se a não tinha, e se não resolvia, poderia não conseguir-se o fim que se esperava da embaixada, concluindo, que não era conveniente remeter-se a carta que ia para o Imperador, e que o ficavam esperando afectuosos (esta carta para o Imperador tinha já a este tempo sido remetida aos padres de Pequim por um próprio, e não havia nem podia haver ainda dela resposta). Aceitou-lhe o embaixador a resposta para se examinar, e se resolver no que fosse conveniente, para cujo efeito se verteu na nossa língua pelo Muito Reverendo Caetano Lopes,
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